terça-feira, 4 de junho de 2013

Cuiabá e a gestão democrática na escola.

No caso de Cuiabá, assistiam-se as idas e vindas de um projeto que se assentava cada vez mais no acirramento político vivido por uma sociedade que se organizava e reivindicava um processo mais participativo e democrático. Não só na escolha do diretor, mas também na gestão da educação, de um modo geral, haja vista o processo desencadeado na região do bairro Bela Vista, em Cuiabá, já entre 1981 e 1986, na tentativa de rompimento com a tradição administrativa de Mato Grosso. Tal processo se caracterizou pelo envolvimento da comunidade local, que reivindicava um Projeto de Escola Pública correspondente aos interesses populares, para a implantação de uma administração colegiada. 4Foram movimentos reivindicatórios como este que acabaram influenciando as decisões na administração municipal, na época, que, pressionada, levou à criação de espaço de debates sobre os colegiados representativos nas unidades escolares, à participação da comunidade escolar no processo de escolha do diretor escolar, que até então era nomeado, de acordo com a conveniência política de quem ocupava o governo municipal.
Se nas administrações anteriores os diretores eram indicados pelos partidos políticos, tal cargo passou a ser objeto de uma seleção entre os profissionais de carreira da rede municipal de ensino, por meio de aplicação de prova de conhecimento geral, títulos acadêmicos, entrevistas e, posteriormente, chegou-se ao processo de eleição pelo voto direto da comunidade escolar. Na administração seguinte (1989 a 1992), esse projeto de Gestão democrática na Escola Pública, em Cuiabá, que ainda estava em estagio de germinação, foi brutamente interrompido na administração do prefeito Frederico Campos, impondo-se uma política marcada por ações autoritárias que obstruíam toda e qualquer possibilidade de debate democrático, promoviam a desqualificação do profissional da educação, com salários baixos e atrasados, e com a presença,
inclusive, do fantasma da privatização das escolas municipais, ou seja, uma privação da participação popular nas políticas públicas educacionais.A experiência de Cuiabá com relação à Gestão democrática na Escola Pública acabava refletindo de certo modo, os aspectos mais gerais da história da democracia vivida pela sociedade brasileira, que sempre foi marcada por conflitos e interesses adversos
Em 1993, com a mudança da administração municipal5, o projeto de democratização da Escola Pública Municipal de Cuiabá foi retomado com a comunidade escolar, as lideranças sindicais e os profissionais da educação e organizado agora na forma da lei6, à luz do que definiu a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 206, inciso VI – “Gestão democrática do ensino público na forma da lei”, reafirmado em 1996, no artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Esse cenário gerou na comunidade uma esperança quase mágica para resolver problemas históricos da desigualdade social na educação, ou seja, do acesso a escola pública com qualidade do ensino, do autoritarismo da gestão das escolas municipais, melhoria das condições de trabalho, mediante a garantia da participação da comunidade escolar.
No final do ano de 2001, um pequeno grupo de assessores pedagógicos, coordenado pelo Secretário Municipal de Educação Carlos Alberto reyes Maldonado, assumiu o compromisso de acompanhar sistematicamente a implantação de uma escola pública, Escola “Liberdade”, considerando o universo concreto da cidade, com seus valores, estruturas econômicas, sociais e culturais, e, a partir dessas constatações, definir o papel que a escola teria no projeto maior da cidade e no desenvolvimento das potencialidades do indivíduo que nela vive.

Hoje Cuiabá tem uma gestão democrática na maioria de suas escolas, falta um caminho longo para total democratização escolar e compreensão do que isso significa para educação do estado e do país, então caminhemos por esse caminho chamado democratização.

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